O início de 2025 ficou marcado por cotações de café que não se viam há décadas. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o preço médio da saca de 60 kg de café arábica superou R$ 2 300 em janeiro de 2025, cerca de 7 % acima de dezembro de 2024. O conilon também acompanhou a trajetória de alta, alcançando mais de R$ 1 100 por saca. Mas o que explica essa disparada?
Clima adverso reduziu a oferta
Depois de um 2023 de excelentes colheitas, as lavouras sofreram com falta de chuvas no cerrado mineiro e no oeste paulista, além de geadas pontuais na serra da Mantiqueira. Essas condições climáticas, somadas a temperaturas acima da média, provocaram queda na produtividade estimada em mais de 4 %. Menos café no mercado significa preços maiores.
Estoques reduzidos e forte demanda
Os estoques de passagem no Brasil e no mundo estavam baixos devido às vendas recordes de 2024. Ao mesmo tempo, consumidores em Estados Unidos, Alemanha, Itália e Bélgica continuaram comprando volumes crescentes. Os norte‑americanos respondem por mais de 20 % das exportações brasileiras, enquanto a Alemanha absorve cerca de 17 %. A ampliação do consumo de cafés especiais na Europa e em novos mercados como a China pressiona as cotações.
Câmbio favorável às exportações
O café é negociado em dólares nas bolsas internacionais. Com o real desvalorizado acima de R$ 5,00 por dólar, o produto brasileiro fica mais barato para compradores estrangeiros, estimulando as vendas externas. Para os produtores, a receita em reais aumenta, mas o consumidor nacional paga mais. Para entender melhor essa dinâmica, veja o artigo como o dólar influencia o preço do café.
Mercado futuro e expectativas
Diante de estoques apertados e previsão de safra menor, torrefadoras e fundos de investimento anteciparam compras no mercado futuro para garantir o abastecimento. Esse movimento financeiro reforça a tendência de alta enquanto as incertezas climáticas persistirem. A expectativa de normalização do clima só no segundo semestre mantém o preço sustentado.
O que pode acontecer a seguir?
Se o clima colaborar nas principais regiões produtoras e a oferta mundial se recompor, as cotações podem perder fôlego ao longo do ano. Porém, a demanda por cafés especiais segue crescente e mercados emergentes estão entrando no radar. Fique de olho no nosso histórico de preços para acompanhar a evolução e leia sobre os principais fatores que influenciam o preço.